terça-feira, 31 de maio de 2011

Pra alguém importante

Postado por Djessyka às 17:55 0 comentários
Eu tinha um emaranhado de acordes,
Acordes tortos qu'eu vi os primeiros
Acordes agora perfeitos,
Ao alcance dos meus ouvidos,
Seus acordes qu'eu ainda tenho.


Eu tinha Bilhetes entre os cadernos,
Bilhetes e um dia inteiro
Do dia inteiro eu sinto falta,
Os bilhetes eu guardei,
Mas a amizade ainda tenho.


Ah, menina que agora tem uma câmera nas mãos,
Continuo enxergando um gorro vermelho,
É através da câmera qu'eu te vejo
Te vejo acordes, te vejo voz,
te vejo cumplicidade,

Te vejo através da câmera,
na pulseirinha de prata
que'eu abotoava
todas as manhãs.


domingo, 29 de maio de 2011

Pastel

Postado por Djessyka às 14:01 1 comentários
Ei, menina engraçada dos óculos azuis,
Pra onde você corre?
Espere mais um pouco,
vamos tocar uma canção.

Ei, você mesma, minha menina,
carregando um símbolo da paz em seu pescoço
Onde você pensa que vai?
Eu ainda preciso de você.

Ei, Dona dos cadernos engraçados,
Eu chamei teu nome,
Você virou as costas,
Chamei baixinho demais.

Ora, pra onde foi sua voz?
Sumiu com o som do teu violão,
Junto com teu par de all star, Que'u já procurei,
E não está mais na soleira da minha porta.

Ora, já ouvi histórias em que o tempo era o inimigo,
Mas vamos deixar que ele passe,
Quanto mais passa, mais perto.

Ora, vou fazer pastel,
Pra te esperar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Décima Segunda

Postado por Djessyka às 17:49 1 comentários
M'encontraria a balbuciar "amigo, eu te amo" se existissem ouvidos pra me ouvir. Existem ouvidos.
Que me faltam são corações capazes de m'entregar as mesmas palavras de volta. Cada vez que usei do poder delas fui completamente verdadeira, e se, "eu te amo" significar de fato o mesmo que "eu morreria por você", então eu não me arrependo de tê-las usado em momento algum. Talvez eu só não saiba lidar com elas ainda, porque quando ficam presas na minha garganta eu trato logo de colocar pra fora. O que é pior: Ficar com palavras tão fortes entaladas na garganta, ou colocá-las pra fora e não receber o mesmo em troca?
Passarei a engolí-las, e talvez seja uma promessa. Sei que não é o "meio termo de ouro", mas só haveria um bom equilíbrio se me ajudassem a equilibrar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ao seu adeus,

Postado por Djessyka às 18:27 0 comentários
No momento em que o homem entrou no ônibus, o cheiro de bebida forte impregnou nos narizes dos passageiros mais próximos. Estava completamente bêbado. Fazia frio.
Tirou do bolso uma nota com valor alto demais para que houvesse troco, a cobradora recusou e o homem insistiu sem sucesso.
Primeiro, uma garota ofereceu-se para pagar-lhe a passagem, recusou. "Tenho dinheiro"- Disse. Procurou nos bolsos de seu casaco notas com valores menores. Não encontrou. Os passageiros miravam-lhe com os olhos como se fosse algum criminoso, um doente, um assassino.
Depois, a senhora de cabelos tingidos. "Perdi meu filho mais velho" foram as palavras que ela ouviu saindo pela boca do bêbado. A mulher contou trocados e pagou-lhe a passagem. Pediram pra que o homem se sentasse em um lugar que sobrava, lágrimas saíam sem parar de seus olhos. Ele havia perdido um filho.
Os olhares curiosos dentro do ônibus pareciam machucá-lo, mas não mais do que a dor que já rasgava-lhe o peito. Os comentários que discriminavam a figura e não entendiam suas lágrimas, eram lançados de um lado para outro e alguns acertavam em cheio o pobre homem.

Contar-lhe-ei a noite de ontem:
*às oito horas da noite criminosos entraram em uma casa, roubaram o que puderam e mataram o homem que esperava pela esposa.
*às nove e quinze a esposa chega em casa e encontra o marido morto.
*Onze horas da noite a maioria dos parentes e amigos é avisada.
*Um pai passa a noite em claro e chora.

domingo, 1 de maio de 2011

Postado por Djessyka às 14:54 1 comentários
Atravessei a rua.
Na cozinha simples da recém viúva, uma mesa grande abraçava seis crianças, a mulher ocupava um espaço entre duas das crianças e, com a Bíblia aberta, lia algumas passagens marcadas. Quando viram que eu havia entrado, pararam com a leitura, mas não por muito tempo: Pedi que continuassem.
Primeiro ela leu o Sermão da Montanha, sim Gandhi, podem desaparecer da face da terra todos os documentos escritos desde que nos sobre este, somente com este em mãos, ainda saberemos o que fazer com o mundo. Leu também uma Parábola e o Salmo 23, que, conforme ela lia, eu repetia mentalmente as palavras já conhecidas. Fechei os olhos enquanto uma das crianças rezava, e pedia, no emaranhado de palavras infantis, que o ano que estava por nascer viesse com mais alegria. Alegria! Eu também queria alegria.
Ofereceram-me um prato de lentilhas. Não tive vontade, mas aceitei. Sentei entre as crianças e comi uma pequena quantidade. Alguém chamou meu nome do lado de fora, tive que ir.
 

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