sábado, 12 de outubro de 2013

Eu e o Zepelim

Postado por Djessyka às 08:55 0 comentários
Sempre soube muito bem o que era um carro, desde criança. Alguém sempre tinha que puxar o freio de mão pra que ficasse parado, mesmo desligado. Também aprendi como era um avião, toda vez que ouvia da minha casa o som da aeronave.O navio já não tinha mais segredo pra mim. Mas ainda não sabia o que era um zepelim.
Já havia descoberto o significado de palavras estranhas demais. Já sabia o que era um xaxim, um vice-prefeito, um mouse, uma sílaba, um satélite, talvez. Mas ainda não sabia o que significava zepelim.
Teria sido a Fátima Bernardes que falou em Zepelim? Ela era tão séria, por que falaria essa palavra que rimava com pudim? Meu orgulho infantil me impediu de perguntar certa vez. Eu não tinha Google, pouco sabia sobre dicionários. Que criança tão estranha fui naquele dia, me privando do meu direito mais trivial de ser criança. Eu não perguntei o que era um zepelim. 
Minha incansável cabeça de criança me entregou a imagem do zepelim. Foi como se eu tivesse dito "quero essa imagem na minha mesa antes das quatro", ou algo parecido. Gostei do zepelim. Muito simpático. Ele era gordinho, muito baixo. Alguém que pode ser chamado de Bolinha. Por volta de seus nove anos de idade, usava uma camiseta listrada em verde e branco, mas não se importava com futebol. Era ruivo e muito engraçado. Seu prato preferido era pudim, comia pudim no café, no almoço e no jantar. Mesmo sendo citado no Jornal Nacional, não era nenhum criminoso. Acreditei que a senhora Bernardes falara seu nome porque ele havia criado algum tipo muito diferente de pudim.

Tive que dar adeus ao pobre Zepelim quando descobri que ele não era quem eu pensava ser. Acenei para o Maior Criador de Pudins que o mundo já teve. Vi que ele saía pelo portão preto da minha casa, pelo portão da minha mente. Ele saía triste, com os olhos colados no chão, ainda com a camiseta listrada suja de pudim. Nunca vou esquecer seus olhos, sei que ele me culpava. Uma hora ele teria que partir, eu não poderia ser criança pra sempre pra mantê-lo vivo até o fim dos meus dias.  Eu não deveria nunca ter descoberto o que era um zepelim. Eu matei Meu Zepelim.

Nesse dia eu odiei o zepelim. Tanto quanto a pobre Geni quando viu o comandante descer com dois mil canhões. Pobre Ferdinand, Eu não quis odiar sua Lindíssima invenção. Vou aprender a admirar o maravilhoso dirigível. Assim que eu, com meus próprios olhos, observar um voando no céu.

Sinceramente, preferia experimentar o pudim mais gostoso do mundo. Mesmo porque eu nunca vi um zepelim. Adeus, Zepelim.


 

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